Museografia

O termo museografia é utilizado no campo de conhecimento da museologia para se referir às áreas mais fundamentais e pragmáticas do trabalho com coleções: documentação, conservação e comunicação. Aqui, entretanto, vamos ampliar um pouquinho o escopo do termo e inserir neste item indicações sobre normativas que regulam a área, e também vamos iniciar neste ponto uma discussão sobre a política de aquisição de acervo do Cibermuseu.

Ocorre que embora a internet esteja cheia de arquivos sobre assuntos diversos, ainda existem poucas instituições propriamente museológicas exclusivamente em meios digitais. É bem verdade que muitos sites usam o nome museu quando querem disponibilizar conteúdo histórico, mas isso indica muito mais um desejo de museu do que uma aplicação efetiva dos conhecimentos e processos desenvolvidos na área de conhecimento da museologia.

Criar o museu das culturas digitais implica no reconhecimento da importância deste segmento para toda a sociedade e no empenho de energia de um grupo de pessoas para a identificação e preservação das referências culturais próprias da área tecnológica. Exige estratégia, porque o lugar do patrimônio é sabidamente lugar de disputa. Criar o Cibermuseu demanda engajamento em um conjunto de valores relacionados à função social assumida pela instituição. Tais valores devem ser discutidos e definidos em conjunto pelo grupo de fundadores e fundadoras, e tendem a funcionar como uma orientação para o compromisso a longo prazo assumido pelo museu, considerando uma perspectiva de maior conhecimento, liberdade, autonomia e satisfação em relação ao desenvolvimento e uso de tecnologias digitais.

No segmento museografia vamos apresentar propostas de estratégias para o funcionamento do Cibermuseu sob uma perspectiva museológica. Essas estratégias definem as preocupações de cada área e suas perspectivas de contribuição para a criação e funcionamento do museu. É claro que se trata de um conjunto inicial de ideias, que tende a ser melhorado na medida em que pudermos contar com a participação de outras colaboradoras e colaboradores.

Normativas

o “Estatuto dos Museus” (Lei 11.904/2009) é a principal norma que regulamenta as atividades realizadas por museus brasileiros. Ele prevê o estabelecimento de um plano museológico, que constitui um documento detalhando a estratégia de gestão e o planejamento dos programas da instituição. Trataremos brevemente deste assunto e, além disso, apresentaremos uma proposta de política para aquisição de acervo do Cibermuseu.

Trecho inicial do poema de Seth Schoen (veja aqui o poema inteiro), tratando com humor uma das grandes polêmicas envolvendo a criminalização de códigos. Neste caso se trata do DeCSS, um código que quebrava a criptografia de DVDs. Você encontra uma excelente narrativa do episódio no livro de Rafael Evangelista: “Para além das máquinas de adorável graça.”

Documentação

Palestrantes de mesa sobre Software Livre na Educação na décima edição do Fórum Internacional Software Livre – 10º FISL. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. A cultura digital é feita por pessoas, e as práticas culturais que se estabelecem nesse campo são tão complexas como em qualquer outra sociedade.
Fotografia de Slomp, disponível sob licença Creative Commons neste link.

Um bom sistema de documentação permite recuperar fácil e rapidamente o conjunto de informações sobre determinado objeto do acervo. Neste segmento vamos apresentar o CIDOC CRM, uma ontologia que define conceitos e orienta na criação de categorias e campos para formulários de documentação. Além disso, apresentaremos dois softwares sob licença GPL v3 que tem o objetivo de auxiliar o processo de gestão de acervos museológicos.

Conservação

Conservar trata sobretudo de definir rotinas para manter a integridade dos objetos por longo período. Uma tabuinha de argila babilônica tem uma duração comprovada de mais de 4 mil anos, se bem conservada. A pergunta é: quanto tempo dura um objeto digital?

Este é um nicho de pesquisa instigante, uma vez que o desafio não se resume a rotinas de backups, mas a encontrar estratégias para a manutenção das próprias tecnologias que permitem o acesso aos arquivos.

“Como nós paramos o SOPA” – Fala de Aaron Swartz no evento F2C (Freedom to Connect, Washington – EUA, maio de 2012) sobre movimentação civil na internet pela não aprovação de projeto de lei que estabeleceria restrições à liberdade de conexão nos Estados Unidos.
Fonte: archive.org
Ver também o projeto de museu: Swartz-Manning VR Museum.

Comunicação: exposições e ações de educação e mediação

Fotografia que representa a experiência de inclusão digital realizada no contexto da política de implantação de Telecentros no estado de São Paulo, Brasil.
Fotografia de fbar, disponível sob licença Creative Commons no Flickr.

Para mais informações sobre políticas de inclusão digital no Brasil, veja o livro “Inclusão digital: vivências brasileiras”, de Maurício Falavigna.

As exposições oferecem ao público algo mais do que a frequentação de informações. Elas possibilitam uma experiência da informação, convidando o público a se engajar no processo de construção de significados. Museus físicos contam com a presença do próprio corpo de seu público no espaço em que os objetos são apresentados. Para um museu digital nos resta refletir sobre meios para tornar a experiência de visitantes mais densa.

No texto sobre comunicação você verá também outros mecanismos de interlocução com os públicos externos, tais como ações educativas e propostas de mediação.