Programas

O Estatuto de Museus sugere uma série de programas por meio dos quais os museus podem estruturar seus planejamentos e organizar o trabalho que deve ser realizado. Cada um desses programas indica uma área de atuação específica. Esperamos que durante o processo de musealização de um bem cultural específico seja possível vislumbrar os desafios que envolvem a descrição desses programas.

Desta forma, todo o conteúdo desta página é provisório e com alto grau de instabilidade. Os conteúdos dos programas serão alimentados na medida em que pudermos construir diretrizes a partir da experiência de musealização de um bem cultural em formato digital (o objeto será apresentado na próxima página).

Listaremos abaixo os programas sugeridos no Estatuto de Museus e apresentaremos o estado da discussão no âmbito deste projeto:

  • Institucional: há um compromisso com valores ligados à liberdade de pensamento, criação, expressão e uso de conhecimento. No futuro esse programa deverá prever uma estrutura de tomada de decisões relativas ao museu, e a construção dessa estrutura deverá envolver a comunidade.
  • Gestão de Pessoas: temos somente uma única pessoa empenhada no projeto cibermuseu, e ainda assim com carga horária limitada. Isso faz com que seu desenvolvimento seja lento. Por enquanto a área de gestão de pessoas se limita a apresentar o projeto como uma boa ideia e convencer outras pessoas de que elas podem encontrar algum tipo de gratificação ao disponibilizar sua força de trabalho contribuindo com o cibermuseu.
  • Acervo:
    • sendo um museu que existe no ciberespaço, a política de aquisição prevê que seu acervo será constituído exclusivamente por objetos digitais;
    • considerando a condição dada sobre o respeito à liberdade e livre fluxo de conhecimento, todo bem cultural constituinte do acervo deverá ser licenciado segundo perspectivas não-restritivas, como por exemplo a GPL no caso de softwares e Creative Commons no caso de outros tipos de conteúdo.
      • softwares proprietários somente serão admitidos na situação de estarem embarcados como partes constituintes de objetos digitais complexos registrados sob licenças não-restritivas. Esse é o caso de firmwares proprietários que podem vir por padrão em imagens de sistemas operacionais GNU/Linux, por exemplo.
    • todos os objetos musealizados serão disponibilizados para acesso, transferência e uso do público;
    • no caso da musealização de um objeto digital complexo, isto é, aqueles compostos por outros objetos digitais, o objeto de pesquisa e preservação será o conjunto correspondente a pelo menos uma versão estável. As partes em separado farão parte do bem cultural musealizado sem que isso implique na necessidade de realização de pesquisas e estratégias de preservação específicas para cada uma delas;
    • planos específicos relativos à documentação e à conservação desses bens culturais em formato digital serão criados na medida em que a pesquisa sobre o processo de musealização do objeto digital escolhido avançar.
  • Exposições: ainda estamos muito distantes da preocupação com exposições.
  • Educativo e Cultural: o cibermuseu seguirá a diretriz de promover ações educativas voltadas para a emancipação da sociedade em relação . Essa preocupação está presente na escolha do objeto que será musealizado e em todos os momentos
  • Pesquisa: até o presente momento a atividade de pesquisa se concentrou na compreensão do modo de existência de objetos digitais, contemplando reflexões no campo da filosofia e também no campo das ciências da informação. A partir da escolha do objeto a ser musealizado iniciamos uma segunda linha de pesquisa a fim de reunir informações sobre o bem cultural escolhido. O objetivo desta linha é identificar valores que justificam a musealização do bem cultural, isto é atributos que lhe conferem valor de musealidade. Em breve iniciaremos um desdobramento desta linha junto à comunidade software livre, provavelmente por meio de entrevistas, a fim de identificar valores a partir de um olhar em retrospectiva.
  • Arquitetônico-urbanístico: a organização das informações, assim como o fluxo de movimentação entre o conteúdo do museu será planejado no momento em que for necessário. O conteúdo que temos até o momento não é complexo o suficiente para demandar um programa específico para lidar com esta área.
  • Segurança: ainda não existe. A princípio mantemos backup de todo o projeto em suportes digitais offline. Ainda é preciso identificar os possíveis riscos para planejarmos um sistema de segurança compatível com a necessidade. Acredito que se houver envolvimento de pessoas da comunidade software livre a segurança será planejada de forma adequada.
  • Financiamento e Fomento: neste momento o projeto apresenta custo muito baixo, não precisando de financiamento. No entanto é possível fazer um plano para prospecção de recursos financeiros visando a transição do estatuto de máquina teórica para museu. Não é um problema que gera preocupação imediata.
  • Comunicação: no estágio atual do desenvolvimento do trabalho a comunicação necessária se dá pela apresentação desta perspectiva de trabalho em eventos acadêmicos. Em breve será necessário organizar o processo de comunicação com a comunidade software livre, solicitando apoio para a identificação de valores possíveis de serem representados pelo objeto escolhido para ser musealizado.
  • Acessibilidade a todas as pessoas: por enquanto nos esforçamos para que pessoas com deficiência sensorial tenham acesso ao conteúdo deste site. Utilizamos plugins para facilitar a acessibilidade nesses casos. Entretanto, no futuro, é nosso desejo fazer trabalho de audiodescrição de conteúdo visual, bem como interpretação em libras dos conteúdos sonoros utilizados no projeto. Além disso, esperamos desenvolver mecanismos para facilitar a mediação com diversos públicos, viabilizando o acesso de mais pessoas ao acervo.

Esta página está em construção, e continuará assim por um longo período. São muitas etapas de trabalho que devem ser superadas até que tenhamos clareza sobre a dimensão do que pode se configurar como museu digital diante das diretrizes apresentadas na missão e funções na sociedade. Acreditamos, porém, que o método definido para abordar o problema oferece consistência ao processo.

Na próxima página vamos apresentar o objeto a ser musealizado, a distribuição GNU/Linux Kurumin 7.0. A ideia é que a experiência deste processo de musealização no ambiente controlado da máquina nos permita vislumbrar desafios que vão ajudar a construir os programas de gestão do cibermuseu.

Duas setas apontando para a direita em sequência. As setas são constituídas por duas linhas cada, formando um ângulo reto cujo vértice aponta para a direita.